Sistema de Cotas raciais! Você sabe que caixas d'águas é isso?
O SISTEMA DE COTAS, e não as Cotas Raciais são aplicadas à populações específicas, geralmente por tempo determinado. Estas populações podem ser grupos étnicos ou "raciais", classes sociais, imigrantes, deficientes físicos, mulheres, idosos, dentre outros. A justificativa para o sistema de cotas é que certos grupos específicos, em razão de algum processo histórico depreciativo, teriam maior dificuldade para aproveitarem as oportunidades que surgem no mercado de trabalho, bem como seriam vítimas de discriminações nas suas interações com a sociedade.
Na Constituição Brasileira de 1988 existe um Artigo de número 37 que diz:
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
Essa lei estabeleceu a reservas de vagas aos deficientes físicos, e vários concursos públicos adotaram essa medida, com a ressalva de que o emprego ou cargo não exija plena aptidão física. Foi ai que marcou esse inicío da RESERVA DE VAGAS PARA GRUPOS ESPECÍFICOS NO BRASIL. Com o tempo, outros grupos sociais passam a pleitear a cotização de vagas para "garantirem" uma participação mínima em certos setores da sociedade como as universidades públicas. Foi em 2000, com a aprovação da lei estadual 3.524/00[2], do dia 28 de Dezembro que as universidades adotaram esse sistema. Garantindo assim 50% das vagas nas universidades estaduais do Rio de Janeiro, para estudantes das redes públicas municipal e estadual de ensino. Em 2004 essa lei passou a ser aplicada no vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UEBF). Em meados de 2001, a lei 3.708/01[3], instituiu-se o sistema de cotas para estudantes denominados "negros" ou "pardos", com percentual de 40% das vagas universitárias estaduaisdo Rio de Janeiro, e foi aplicada no vestibular de 2002 da UERJ e da UENF. Outras universidades, tais como a Universidade de Brasília(UNB) e a Universidade do Estado da Bahia(UNEB) também aderem a tal sistema, tendo como critérios os indicadores sócio-econômicos, ou a cor ou "raça" do indivíduo.
Esse Sistema gerou muita polêmica. Gerando muitos conflitos entre grupos com interesses iguais e classes distintas. O que acontece é que o próprio sistema é falho. Pois qualquer cidadão brasileiro pode sim declarar-se negro, ou AFRODESCEDENTE. O que se deve é criar medidas para que se diminua gradativamente essa desigualdade entre os cidadãos e grupos sociais.
Concordo quando dizem que o sistema de cota por classificação de raça, aumenta e muito o nível de discriminação racial. O que seria uma solução para um problema agravante, gera outro de maior ou igual valor.
Gostaria que se chamasse COTA PARA OS MENOS FAVORECIDOS. Porém viriam os defensores dos direito dos negros e diriam: NEM TODO POBRE É PRETO, MAS 90% DOS NEGROS SÃO POBRES.
Só sei de uma coisa: é meio injusto com algumas pessoas, mesmo que seja para me beneficiar, sim, porque eu sou negra, que a cor da pela seja peça fundamental para se obter "vantagens". O tom da pele ainda é discursão nas aulas de sociologia, de psicologia e por fim nas de direito.
Deixa completar meu raciocínio pra não fugir do tema de meu Post. Eu fiz o ENEN, como quase metade das pessoas que eu conheço e querem muito fazer uma faculdade, porém, por ironia do destino nascemos NEGROS, CLASSE MÉDIA BAIXA OU POBRES MESMO e BRASILEIROS. Pois bem, depois de anos enferrujada, fiz o ENEN, consegui uma média de 605.08 que me permitia participar do PROUNI, um projeto do governo, onde ele PAGA sua bolsa para que faça sua faculdade em “paz”, sem pagar nada. Seja qual for a graduação que você tenha escolhido. Eu escolhi ADMINISTRAÇÃO.
É minha vida. É o que eu faço de melhor! Está certo que entre as 05 opções optei por Direito, Serviço Social e Jornalismo, afinal, essas áreas muito me despertam interesse. Mas, lá fui eu, na primeira chamada, ganhei a bolsa, iupi... festejei. Juntei toda a papelada burocrática e fui até a faculdade “A”. Digo entre aspas pois não vou citar o nome. Cheguei na faculdade alegre, planos a mil na cabeça, e uma moça, muito simpática do setor financeiro, me informa que eu PERDI A BOLSA. Não por minha culpa, ou falta de algum pedaço de papel da burocracia do PROUNI, mas porque a faculdade em questão não conseguiu montar uma mísera turma.
Ofereceram acho que 05 vagas para Administração Noturno, e não conseguiram os outros 30 alunos para integrarem o quadro de número máximo. Pergunto: se o governo que iria pagar a bolsa, porque não forma uma turma inteira de BOLSISTAS? Mas tudo bem, um dia chegarei a exercer o meu cargo de Gestão Publica, ou consultora dessa área, e daí minhas idéias serão melhores “aceitas”. Enfim, sai de lá triste, entrei no Carrefour, comprei uma baquete de frango e queijo, uma fanta laranja, sentei e chorei muito, mandando o meu regime pra casa dos “Bugalhos”.
Liguei para meu marido e disse que teria que passar por tudo de novo, e tentar a segunda chamada. Ah segunda chamada! Segunda TORTURA. Pensa como eu: SOU ANSIOSA AO EXTREMOOOOO!
E lá fui eu, até outro destino, andando pra ver se arejava a cabeça, pedi ISENÇÃO DE TAXA DE INSCRIÇÃO para um processo seletivo publico para Agente Educacional. Piso salarial razoável, é, passando no processo poderei manter minha faculdade paga pelo Governo. MANTER A FACULDADE? Perai, mas ela não é PAGA pelo governo?
Calma lá, eu explico.
Vamos pra segunda chamada, segundo martírio, segunda ladainha. Inscrevi-me em 04 faculdades, cursos: os mesmos, ADMINISTRAÇÃO. Agora eu não admitia siquer à hipótese de fazer qualquer outra faculdade. Esperei dias para inscrição, dias para o resultado e o site do PROUNI descongestionar pra saber que VIVA, eu tinha passado. Em uma faculdade boa, com conceito no FGV... caracas! Consegui! Com calma e prudência peguei meus documentos e fui até a faculdade. Fui atendida por uma menina simpática chamada Lais, ou pelo menos eu chamo ela de Lais até hoje. Me explicou o procedimento, entreguei os documentos no dia seguinte, fiz a matricula, PRONTO! Eu era uma UNIVERSITARIA do primeiro período de administração com mais de duas semanas de aulas atrasadas, já que a segunda chamada aconteceu em março e as aulas começaram em Fevereiro. Mas vamos lá! A ansiosa aqui queria conhecer o coordenador do curso, pegar material, tudo no mesmo dia. Decepção, eles só estariam lá depois das 18 horas.
Deu vontade de sentar e esperar. Mas, eu queria ir pra casa, queria dividir minha felicidade. Meus pais foram criados no interior, mal terminaram o ensino fundamental. Minha mãe nunca deu trela para esse “negocio de faculdade”, afinal, foi criada pra ser dona de casa, tomar conta dos filhos, marido, depois dos netos... e isso e aquilo, tudo o que eu tenho AVERSÃO. Amo meus filhos, meu marido, mas não quero me imaginar ficar somente nisso.
Meu pai não, é um incentivador. Acho que é porque ele sempre quis saber mais, ele do jeito dele é inteligente, e é capaz de ouvir todas as explicações do mundo para que saiba de um assunto. Meu pai... falo dele outra hora. Mas eu queria dividir isso com eles, com minhas irmãs (principalmente Cristiane que mora tão longe) e ficar em casa, feliz, feliz, feliz por estar cursando uma faculdade.
Tudo aconteceu na quinta-feira. Na sexta fui comprar meu material escolar. Na segunda comecei as aulas. Tudo ótimo, fora um detalhe que me incomodou: 95% da minha turma é composta por brancos (não sou racista, e nem ligo muito pra isso, parece carma de nego fujão), e 98% tinham menos de 25 anos. 80% deve ter 18 a 21. Sabe aquela idade dos rocks, onde a gente pensa que o fígado é o único órgão que existe no nosso corpo e daí a gente detona ele? Baladas, conversas sobre namoricos... essas coisinhas?
Passei por isso há 10 anos atrás, e sei como é. E pra mim, seria impossível uma adaptação.
Mas me adaptei. Nada de me chamarem de tia, tia é a p#$#$ que pariu. Meu nome é Edna Christina, pode me chamar de Chris, Christina.
Depois fui encontrando as outras metades negras da Faculdade. Encontrei a Kiki namorada de um amigo, outros na cantinha, outros espalhados pelos cursos que a faculdade oferece.
E o mundo universitário gente é uma guerra.
E a minha em particular é com a MATEMATICA. Amo Comunicação Empresarial, português ao grosso modo, adoro Ciências Políticas e Sociais (Sociologia) e também a matéria de Introdução a Administração, até aprender a usar o OFFICE da Microsoft tudo de novo (já sabendo e tendo sido instrutora por 03 anos) eu me submeti.... mas MATEMATICA... meu Deus! Que linguagem é essa?
Perai, perai, perai... Fugi do foco.
Cotas raciais. Eu sou bolsista, cotista e Enenista.... atestado de pobreza agora tem nome. Porque é horrivel notar que quando você diz: - Ah eu sou bolsista do Prouni e sou cotista!, notamos logo os olhares, onde ouvimos bem alto em nossas consciências: VOCÊ NÃO TEM DINHEIRO PARA PAGAR SUA FACULDADE E PIOR, VOCÊ É INCAPAZ DE CONSEGUIR ALGO DE BOM SE NÃO FOSSE SUA VANTAGEM DE USAR A COR DE SUA PELE COMO ITEM DE "BENEVOLÊNCIA" POR PARTE DO GOVERNO FEDERAL, QUE EM SUAS CONSCIÊNCIAS AINDA JULGAM QUE LHE DEVEM ALGO PELO SIMPLES FATO DE SEUS ANCESTRAIS TEREM SIDO NEGROS E ESCRAVOS!
Sim, a nossa consciência negra ouve isso. Mas deixo pra falar sobre a força do povo negro em outro POST.
Ah, e sabe o que eu quis dizer em ter um emprego ou estágio pra manter o curso que é GRATUITO pra mim? É que o governo meu querido pensou em tudo, mas não pensou no custeio de passagem, daquele cafezinho rapidinho na lanchonete antes de sair para um estágio ou entre uma aula ou outra. Do cursinho de inglês que o Administrador se quiser ser mesmo o melhor tem que fazer.
Ah, mas tem o cursinho grátis da UFES, ai lá vamos nós para outro processo seletivo.
A vida meus amigos, está assim, uma sucessão de PROCESSOS SELETIVOS, com as opções de CLASSE MÉDIA BAIXA, POBRE, POBRISSIMO E MISERAVEL. Esses atestados de cotistas afirmando que somos negros (será q o cara que vai receber meus documentos é cego?), os comprovantes de que a nossa renda percapita é uma miséria, além de passar no PROCESSO DE PROVAS a gente tem que provar que é pobre e preto. RIDICULO NÃO?
Fazer o que! São os tempos burocráticos, e como uma ótima Administradora, que eu serei, com certeza absoluta tenho que utilizar a teoria do Sistema e me integrar ao meio, pois fatores externos podem sim alterar um pouco o cursor de minha vida, mas se eu conseguir hoje projetar o que eu quero lá na frente, sim, darei a volta.
Estou eu aqui, a Chris sambista, que adora uma roda de samba, NÃO BEBE, NÃO FUMA, NÃO FAZ USO DE ENTORPECENTES, que não é chegada a carne vermelha, nem branca, nem legume, nem verdura, nem vegetais em geral, bem, estou aqui me preparando pra ser uma Gestora, uma solucionadora de problemas empresariais. E no setor PUBLICO, porque é ali que eu pretendo fazer minha diferença.
Agradeço a uma amizade recente: César Colnago que decretou a lei contra aquelas brincadeiras bestas com os calouros, mas não por isso, mas pelo interesse dele por minha pessoa, pela minha filiação ao partido, e por confiar que a política anda juntamente com a administração, a gestão, tudo se integra.
Sem delongas, muitas coisas precisam de mudança, muitas coisas vão ser mudadas, e é assim, como naquela oração boba que roda na internet que diz: “Deus, daí-me paciência para aceitar as coisas que não posso mudar, sabedoria para mudar aquelas que posso e persistência para nunca desistir”. Se não for isso, é algo parecido com isso.
Obs.: Foi descoberto na África duas ossadas, uma de homem e outra de mulher, eretos, com mãos pequenas, milhões de anos, e acreditem: OS CIENTISTAS ACREDITAM QUE A ORIGEM DO MUNDO PARTIU DA AFRICA....
Ah Bob, ah Bob.... mama África, a minha mãe, é mão solteira...
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